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25/12/2004

Minha primeira Crônica de Natal


Pois foi em janeiro do ano que está terminando – mais precisamente no dia 6 – que o Joaquim, um pequeno grande homem de 5 anos reclamou com toda sua autoridade:

– Mas vai desmanchar a árvore de novo? (e quase chorando) Por que é que todo ano tem que desmanchar a árvore? Por quê?

Era hora do café da manhã, todo mundo reunido. Pai, mãe, irmãos mais velhos. E todos se entreolharam.

– É uma tradição, meu filho.

– Tradição? Perguntou o Joaquim que não tinha a mínima idéia do que fosse uma tradição.

– É, Tradição.

Não sabia o que era aquela palavra esquisita, mas devia ser coisa muito séria, porque a tal da tradição obrigava todas as casas da rua, da cidade, a desarrumarem a árvore de natal no dia 6 de janeiro. Dia de Reis!, acrescentou a mãe.

Joaquim se calou, mas aprendeu que rei e tradição deveriam ter alguma coisa em comum. De rei, ele só conhecia os reis magos. Ou magros, como ele dizia.

– Se é coisa de dia de rei, então os reis magros ficam no presépio.

O pai encarou:

– E posso saber por que?

E o garoto não pestanejou:

– Tradição!

E a árvore não foi desmontada. E o presépio está lá até hoje. Tá certo que foi incrementado com umas motos, uma perna de Barbie, um Homem-Aranha e uma nota de um dólar que ninguém sabe de onde saiu. Fora um relógio de plástico cor-de-rosa. E a árvore de natal, no lugar das bolas vermelhas, amarelas “Iguais as do Guga”. E, lá em cima, no lugar da tradicional estrela-cometa, uma bandeira do Brasil escrito com a letra dele, em forma: R-O-N-A-D-O.

É. Natal e Ano Novo são épocas de resgatarmos — e espanarmos a poeira — de antigas tradições, aquelas que conhecemos desde pequenos, entendendo-as ou não. Mas é também um momento de reflexão. O Natal é a oportunidade de reafirmarmos nossa fé, por exemplo. Ou de criarmos uma. Afinal, mesmo que alguns digam que não, acreditamos em uma força superior que rege o universo, que rege o futuro, não importando o nome que lhe damos, mas que também nos vê agir, dirigir nossas vidas. E direcionarmos nossas forças, e esperanças, para um amanhã melhor.

O Natal não é feito somente de árvores com pequenas luzes, presentes em lindos embrulhos, amigos secretos, festas de final de ano, comida farta, diferente e que só se come nessa época… O Natal existe porque um menino nasceu (acreditando nele ou não, ele existiu e tem muito o que ensinar), há muito tempo atrás, e uma de suas lições é que sempre é possível começar de novo, que nunca é tarde para recomeçar e que nunca estaremos sozinhos, apesar de tudo.

Natal é uma época para se estar em família. Ou seja, uma época para nos reunirmos com quem mais amamos, queremos bem, temos afinidades, fazemos planos em conjunto. E é por isso que estamos aqui, reunidos nesta noite. Para compartilharmos alegria e paz com todos aqueles que nos ajudam a vencer cada dia, a crescer sempre e a superar todas as dificuldades da vida. Com certeza convivemos por mais horas do que com muitos de nossos familiares e superar a distância, as ausências e construir um ambiente de trabalho produtivo, agradável e que gere resultados que excedam as expectativas não são tarefas fáceis. Por isso precisamos uns dos outros. Todo dia. A cada minuto.

Temos a mania de dizer, nós os adultos, que o Natal perde a graça, depois que crescemos. Mas temos que resgatar aquela criança que guardamos em algum cantinho, temos que continuar sendo um pouquinho criança (agora bem mais responsáveis) para não deixarmos de festejar com a alma e o coração essa época do ano cheia de luz e felicidade. E esperança, de sempre fazer planos para melhorar o mundo, nem que seja o pequeno grande mundo ao nosso redor.

Aproveitemos, então, esta noite e todos os dias do ano que começa daqui a pouco para praticarmos sempre a lição de humildade que nos foi ensinada lá atrás, quando éramos crianças e não conhecíamos essa tal Tradição, mas já sabíamos, desde sempre, não há nada melhor que estarmos rodeados por aqueles que amamos.

Eu desejo a todos vocês, a seus familiares e amigos um Natal repleto de Paz e Felicidade e um 2005 de sucesso e de novas realizações.

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