Archive for junho, 2010

30/06/2010

Mix Milano: Encerramento com Festa


Como havia escrito alguns posts atrás, terminou ontem aqui em Milão o Festival Mix Milano di Cinema Gaylesbico & Queer Culture.

O grande vencedor do concurso de filmes foi o francês Ander. O filme brasileiro “Do começo ao fim” recebeu críticas diversas; conversei com alguns brasileiros e outros italianos que assistiram a projeção no último sábado. Os brasileiros, em geral, compartilham da minha opinião que o filme não soube aproveitar o polêmico tema (dois irmãos que se tornam amantes) e acharam o filme um tanto vago e vazio. “Se todo mundo aceitasse minha vida e minhas decisões como todos no filme aceitam aquela situação tudo seria um paraíso”, me disse uma amiga brasileira, transexual que vive aqui. Já um outro amigo, italiano, disse que gostou sim do filme…

Teatro Stahler: Music on the Steps

O festival terminou com uma desta no clube Plastic, um ícone da noite milanesa, frequentado no passado por artistas diversos, como Keith Haring e Andy Warhol.

30/06/2010

Paris oh là là! – Parte 2


Mais algumas Dicas de Viagem de Paris, na França.
  • Montmratre / Sacré-Coeur: Paris é, em geral, bastante plana – o Arco do Triunfo está no alto dos Champs Elisés, mas a cidade não tem grandes colinas, como Roma ou Lisboa… Só Montmartre mesmo, com a basílica de Sacré-Coeur no alto, que pode ser vista de diversos pontos da cidade. A melhor maneira de chegar lá é pela estação Anvers, da linha 2. Saindo da estação, atravesse o Boulevard de Rochechouart, subindo a base da colina. No meio da subida já dá pra ver a bela basílica ao fundo, entre os prédios.
    Paris, Sacré-Coeur

    Paris, Sacré-Coeur

    Esta primeira vista é realmente marcante! Se você tiver muitos pecados a pagar é só encarar as escadarias e se os pecados forem realmente sujos, vá de joelhos. Mas se você, mesmo com os pecados e mesmo todos mais sujos, tiver seu cartão Paris Visite, gire à esquerda e use o Funiculaire de Montmatre…

    Paris-Sacré-Coeur-Eiffel

    Paris, Eiffel

    O bairro de Montmatre é muito artístico e vale a pena dar uma volta pelas pequenas ruas ao redor da basílica. Para os que gostam de estar nas alturas, a subida à cúpula de Sacré-Coeur é obrigatória, custa 5€ e inclui a visita à cripta sob a basílica. A subida é puxada e começa com uma escadaria fechada, até que se chega no telhado, onde há um trecho aberto para depois se chegar na cúpula, subir mais alguns lances e ser presenteado com a vista lá de cima, que é realmente magnífica!

    Paris-Sacré-Coeur

    Anjo, Sacré-Coeur

    Eu subi perto das 17h30… chegando no telhado os sinos da basílica começaram a tocar, convocando os fiéis para a missa das 18h00…os sinos, ouvidos de perto, com Paris a meus pés, num lindo dia de sol… foi realmente mágico. O interior da basílica, de entrada gratuita, não pode ser fotografado, mas é belíssimo e vale a visita mesmo para os não católicos. Na volta, como a linha 2 circunda a cidade, sem ir na direção do rio, talvez valha a pena descer na direção da estação Barbès-Rochechouart, da linha 4.

  • Notre Dame: A mais tradicional catedral da cidade e a mais impressionante obra gótica religiosa também, a construção fica na Ile de la Cité e a estação mais perto é a de trens (RER, linha B) St Michel, ou a do metró Cité (linha 4). Para visitar a catedral a entrada é gratuíta e para subir nas suas torres (o que eu não fiz) custa 8€. É claro que, como a maioria das atrações de Paris, as filas são gigantescas e não existe visita calma, já que o lugar fica lotado de turistas.

    Notre Dame

    Os enormes vitrais são magníficos – aqui sim, se pode tirar fotos – e o melhor horário para aprecia-los é no final do dia, com o sol batendo diretamente no da direita (pra quem olha o altar de frente). Não deixe de visitar as capelas, também aquelas na parte de trás do altar e tome cuidado, pois esta área fecha perto das 18h00 – eu fiquei maravilhado tirando fotos do vitral e acabei não visitando! Por outro lado, pude ver um pedaço da missa das 18h00, com uma homenagem aos veteranos da guerra e trechos cantados. Muito lindo! Saindo da igreja, passeie pela margem do Sena pela Place Jean XXIII, que tem áreas para crianças, uma bela fonte e até um coreto, onde às vezes artistas locais se apresentam.

    Missa na Catedral

  • Margens do Sena: bem diferente do Tâmisa, em Londres, às margens do Sena são praticamente todas acessíveis e se pode chegar bem perto do rio.

    Margens do Sena

    A explicação desta diferença de uso é que o Tâmisa tem maré: Londres não está muito longe do mar, mas o terreno é muito plano, então as marés oceânicas entram no estuário do rio e seu nível pode variar vários metros num mesmo dia, o que também é muito interessante, diga-se de passagem. O Sena, sendo estável (claro que em épocas de chuvas deve haver variações, mas não como o Tâmisa), permite este uso das margens como parques, todos muitíssimo agradáveis e repletos de locais (e turistas).

    Sena e Notre Dame

    Saindo da Notre Dame, atravesse a Pont de l’Archevéché e desça para a Quai de la Tournelle. Este breve passeio pelas margens, chegando na Pont de Sully é realmente agradável e, em alguns minutos, já se chega ao Instituto do Mundo Árabe, mais uma das belas de arquitetura moderna da capital francesa. Sua fachada, com uma estrutura metálica que lembra, ao mesmo tempo, os arabescos árabes e diafragmas de câmeras fotográficas, é um marco da arquitetura de Jean Nouvel, arquiteto francês que depois deste prédio ficou famoso. Voltando à Pont de Sully, ande até a Ile de St Louis.

    Instituto do Mundo Árabe

  • Ile de St Louis e o delicioso sorvete de Berthillon: esta pequena ilha é muito agradável. E, na rua principal da ilha, Rue St Luis en l’Ile, no número 29-31, tem a famosa sorveteria Berthillon. Na verdade aqui fica a sede principal, mas diversos pontos nesta mesma rua vendem os deliciosos sorvetes e as filas na rua são o sinal de que o sorvete é realmente muito bom, o que estou plenamente de acordo. Nota do tradutor: em francês, não se diz ‘sabores’ de sorvete, mas ‘parfum’… muito peculiar e francês, não acham?

    Sorvetes Berthillon, os melhores!

Próxima parada: Musée D’Orsay, La Défense, uma visita mórbida e boas dicas de restaurantes.

Para ver mais fotos de Paris, visite meu website fotográfico, em Paris << ©JKScatena Photography, ou clique no mosaico abaixo:

Paris: Mosaic

Paris << ©JKScatena Photography

 

 

23/06/2010

Festival de Cinema Mix Milano – 22 a 29 de Junho


Ontem estive na abertura da 24ª Edição do Festival Mix Milano di Cinema Gaylesbico & Queer Culture. Os filmes – curta metragens, longa metragens, filmes clássicos (Último Tango a Parigi, doppiato in italiano!) e documentários – serão apresentados todos no Teatro Stahler (Largo Greppi, 1, Fermata Lanza MM2). Além dos filmes, a praça na frente do teatro vira um grande lounge, com DJ’s tocando das 18h à meia noite – o Music on the Steps.

Festival Mix Milano

Cinco filmes concorrem no concurso Queer Frame, inclusive o brasileiro “Do Começo ao Fim”, de Aluizio Abranches, que conta a história de amor entre dois meio-irmãos.

Na abertura de ontem o Diretor Artístico do Festival, Giampaolo Marzi ressaltou a importância da arte, do teatro e do cinema, especialmente em tempos de crise – aqui na Itália a economia está bastante abalada e tem uma greve geral na próxima sexta feira, quando, com o apoio dos trabalhadores do Teatro Stahler, as sessões do Festival ocorrerão normalmente e, ainda mais, serão todas gratuitas.

A atriz Serra Yilmaz, com o Diretor Artístico do Festival, Giampaolo Marzi, na abertura do Mix Milano.

Programação do Festival em www.festivalmixmilano.com e Grupo Facebook Festival Mix Milano.

16/06/2010

Paris oh là là! – Parte 1


Na primeira vez que estive em Paris o tempo não ajudou – “tentar se apaixonar por uma mulher aos prantos, com maquiagem borrada” – nem a falta de tempo livre – tinha cerca de 4 horas livres para passear. Deixei a cidade frustrado!

Le Seine

La Seine

Agora, em minha peregrinação européia de 2010 voltei a Paris e, desta vez, pude apreciar a cidade em belos dias de sol e calor, com bastante tempo livre para passear, conhecer os monumentos e museus, sentar em um café e curtir bastante.

Cheguei na cidade pela Gare du Nord, no Eurostar, vindo de Londres. Esta é uma dica importante para quem está viajando com bagagem pesada – pelo menos uns 40 kg em duas malas, uma delas bem grande: não se paga pela bagagem em trens! Como estou de mudança para a Itália, partindo de Londres, usar o trem foi a melhor pedida. E de Paris, embarquei num trem na Gare de Lyon para Milão.

Minhas dicas para Paris são:

  • Paris Metro

    Paris Metro

    Transporte: o metrô é uma boa pedida para cruzar a cidade em distâncias médias e longas, mas para distâncias curtas andar, curtindo a cidade e seus boulevares é o melhor a fazer. Compre um cartão Paris Visite em qualquer escritório de turismo ou em algumas das estações do metrô, com a duração de 1, 2, 3 ou 5 dias consecutivos. O cartão para as zonas 1 a 3 cobre toda a cidade e inclui ainda a área de La Défense e a basílica de Saint-Denis. Se você for chegar pelo aeroporto de Charles de Gaulle, o cartão das zonas 1-6 inclui também sua viagem para a cidade (que, separadamente do Visit Paris custa 8,50€ por trecho), além do castelo de Versailles, Disneyland Paris e alguns outros destinos. Parece um bilhete normal e deve ser usado como tal no metrô, nas linhas de trem RER dentro da zona de validade, nos ônibus e até no funicular de Montmatre. O cartão de 3 dias, para as zonas 1-3 me custou 20€. Só pra comparar, um carnet de 10 bilhetes custa 11€.

    Estação Cité

    Estação Cité

  • Metrô: o sistema é muito amplo e cobre praticamente toda a cidade. Mas é um tanto complicado de andar. Sempre achei interessante as diferentes maneiras de se “navegar” nos sistemas de diversas cidades, explico: em Nova York é sempre ‘Downtown’ ou ‘Uptown’, basicamente sul e norte, respectivamente; em Boston, você anda ou ‘Inbound’ (para o centro da cidade) ou ‘Outbound’; em Londres, na maioria das linhas, as direções são as da bússola – Central Line east ou west, Northern south or north etc. Mas em Paris é completamente diferente! Cada linha é numerada e colorida, o que parece bem fácil, mas você tem que descobrir a estação final e pegar o trem nesta direção. Ou seja, ao procurar seu destino no mapa, você tem ainda que seguir a linha até o final para descobrir a direção do seu trem. Por exemplo, pegar a linha 4, na Gare du Nord, direção “Porte d’Orléans”, para descer na estação Odeon. Ou a 1, na Concord, direção “Château de Vincennes”, para descer na estação Louvre-Rivoli (neste caso, definitivamente não faça isso, mas vá passeando pelos Jardins de Tuileries, que é bem mais legal). É um pouco complicado no começo e demora um pouco pra pegar o jeito. Ainda assim eu acabei pegando trens na direção errada! Última dica: você deve acionar uma alavanca ou apertar um botão para abrir a porta assim que o trem para na plataforma; faça isso logo que o trem estiver parando, pois eles ficam bem pouco tempo parados na estação.
Trocadéro & Eiffel Tower

Trocadéro & Eiffel Tower

  • Torre Eiffel: A maneira mais legal de chegar na torre é descendo na estação de Trocadéro do metrô. Você sai da estação, anda um pouco e dá de cara com a torre, linda, com Paris ao fundo, numa vista privilegiada do alto! É de cair o queixo. Tire umas fotos, desça andando até o Sena, atravesse a ponte e… entre na fila. Sim, é praticamente impossível escapar das filas… na verdade é definitivamente impossível.
    Trocadéro from Eiffel Tower

    Trocadéro from Eiffel Tower

    Mesmo para os ingressos comprados com antecedência, as filas são grandes para pegar os elevadores. Se você tem pique de subir escadas, a melhor pedida é procurar a fila do pilar Sul, através do qual você pode subir de escadas até o segundo nível, com uma fila bem menor que a dos elevadores, e de onde já se tem uma bela vista da cidade. Se tiver tempo de encarar uma outra fila, esta já no segundo nível, compre um bilhete neste andar para subir, agora só de elevador mesmo, até o topo da torre. Eu não tive tempo, e acabei curtindo somente o segundo andar mesmo, que já vale a pena! Neste nível, tire uns minutos para ver o filme no Cine Eiffel, uma montagem de fotos e cenas de filmes sobre esta bela obra de engenharia, que era para ser temporária – na Exposição Mundial de Paris -, recebeu inúmeras críticas quando estava sendo construída e acabou se tornando uma das principais atrações turísticas do mundo, recebendo mais de 7.000.000 de visitantes por ano.

    Musée du Louvre

    Musée du Louvre

  • Museu do Louvre: outro lugar onde é impossível escapar das filas. É lotado sempre! Diferente da maioria dos museus de Londres, aqui é possível tirar fotos, sem flash, o que eu adorei!
    Ne pas utiliser de Flash

    Ne pas utiliser de Flash

    O audio guia do museu é muito bom para ajudar a conhecer melhor as milhares de obras expostas, além de também explicar os movimentos artísticos e o contexto histórico . Se você pegou um, minha dica é seguir os tours.

    Louvre's Audioguide

    Louvre's Audioguide

    O de “Masterpieces”, ou obras primas, leva você, passo a passo, para conhecer as três obras principais do museu – a Vitória alada de Samotrácia, a Vênus de Milo e, é claro, a Mona Lisa; além de dar um panorama geral da história do museu.

    Venus de Milo

    Venus de Milo

    O guia é, literalmente passo a passo – ande até a escada, suba até o primeiro lance, vire a direita etc. Com música de fundo e explicações muitíssimo interessante das obras, salas e corredores do museu, é uma excelente opção para ter uma visão geral.

    Nem precisa falar que ver a Mona Lisa é uma luta… e, é verdade, ela é bem pequena. Depois que acabar este tour, você pode escolher um outro (são 3 ao todo) ou ir visitar seu artista preferido e sair andando, sendo maravilhado a cada sala, a cada passo.

    Sente (Louvre) - Rembrandt

    Sente (Louvre) - Rembrandt

    Os Rembrandts, por exemplo, estão na sala 32 da ala Richilieu.

    Vitória de Samotrácia

    Vitória de Samotrácia

    O ingresso vale para o dia inteiro – você pode entrar e sair a vontade, desde que esteja disposto a encarar a fila da inspeção de segurança a cada entrada. Comer nos restaurantes do museu não é muito mais caro (paguei cerca de 20€ por uma deliciosa lasagna e uma coca) e é bastante prático.

    The Mona Lisa

    La Gioconda

    E, é claro, conhecer a pirâmide de vidro de  I.M. Pei e as fontes que a contornam não custa nada e é uma delícia; venha andando pelos jardins de Tuileries, que é a maneira mais agradável de chegar no museu!

    Jardin des Tuileries

    Jardin des Tuileries

  • Georges Pompidou: o museu nacional de Arte Moderna.
    Georges Pompidou

    Georges Pompidou

    É um prédio que até causou impacto na sua inauguração, nos idos de 1977, já que é todo “modernoso”, com as tubulações e estruturas metálicas expostas, mas que hoje já nem causa tanta impressão assim. O que realmente impressiona é a vista da cidade que se tem do alto do edifício.

    Georges Pompidou

    Georges Pompidou

    E a melhor dica é essa: se você está cansado de museus, ou se Arte Moderna não é sua praia, vale a pena pagar 3€ para subir as escadas rolantes (externas ao prédio) até o topo para dar uma olhada na vista que se tem de lá. Entrando no museu, se pode visitar o acervo permanente – novamente fotos são permitidas, sem flash – e as exposições temporárias. Uma delas, Dreamlands (de 05/05 a 09/08), retrata o ambiente urbano sob pontos de vistas dos mais diversos. Uma discussão sobre a arquitetura de sensações, sonho e entretenimento que se espalhou pelo mundo no século XX. Cidades inventadas, paisagens adulteradas, o sonho EPCOT de Disney (que, depois de ser descartado, foi parcialmente transformado no parque da Flórida) e até o delírio urbano de Dubai.

    Não deixe de dar uma olhada nas fotos de Martin Parr, fotógrafo inglês que saiu por aí tirando todas aquelas fotos “cafonas” que se vendem nos pontos turísticos pelo mundo a fora. O acervo permanente do museu tem obras de Picasso, Brancusi (cujo ateliê também pode ser visitado no Centre Pompidou), Braque, Giacometti, Leger, Miró, Kandinsky etc. Não deixe de apreciar o contraste das obras com as vistas de Paris, já que as galerias tem enormes janelas de vidro e até mesmo terraços com esculturas.

Georges Pompidou

Georges Pompidou

Próximos posts: Sacre-Coeur, Notre Damme, Musée d’Orsay, sorveterias e restaurantes.

Para ver mais fotos de Paris, visite meu website fotográfico, em Paris << ©JKScatena Photography, ou clique no mosaico abaixo:

Paris: Mosaic

Paris << ©JKScatena Photography

14/06/2010

História da Fotografia – Os agitados anos 20


Na comemoração dos 50 anos de fundação do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) foi montada uma mostra intitulada “A Arte dos anos 20” principalmente porque com este tema seria necessário recorrer a todos os departamentos do museu – Cinema, Fotografia, Arquitetura e Design, Estampas e Livros Ilustrados, Pintura e Escultura.

(Abrindo um parêntese é interessante ver como os departamentos do MoMA estão divididos. A Arquitetura junto com Design, Fotografia e Cinema em áreas distintas e nenhuma menção direta à artes Clássicas, como Poesia e Teatro. Fazendo um paralelo com as “7 Belas Artes” – Poesia, Teatro, Música, Escultura, Dança, Pintura e Cinema – como a 7ª arte, aqui a Fotografia nem é mencionada, estando talvez inserida no Cinema)

International Exhibition of the German Industrial Confederation, Stuttgart 1929

"FILM UND FOTO", 1929

Esta mostra deixou uma forte impressão de que a atividade estética da década de 1920 estava completamente dispersa pelos diversos meios. Mais que isso, as artes em maior ascenção eram a fotografia e o cinema, os pôsteres de agitação e propaganda e outros objetos com design prático.

A arte neste momento era dominada pelo movimento modernista (ou Modernista, como definido por Greenberg), que pode ser, para uma visão da fotografia e de certa maneira, dividido em três linhas de desenvolvimento: as Vanguardas Históricas, a Agenda Moderna na Fotografia e a Nova Objetividade Alemã.

As Vanguardas Históricas abrangem todos os movimentos “-ismos” desta época, como o abstracionismo, construtivismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo e fauvismo, por exemplo. É muito interessante notar que nas colagens dadá (por se considerarem uma oposição aos movimentos formais, o dadá não deveria nem receber a terminação -ismo…), surrealistas e construtivistas a fotografia era usada meramente como matéria, como um material a mais a ser utilizado em suas obras. A fotografia, o papel impresso com uma umagem, era recortada e rasgada e posteriormente colada nas obras, com sua devida inserção conceitual.

Por outro lado, a Nova Objetividade Alemã – desenvolvida principalmente na Alemanha, mas com representantes também na França – a fotografia era usada meramente com a finalidade documental, sem qualquer áurea artística.

The Fountain, R. Mutt, by A.Stieglitz

The Fountain, R. Mutt, by A.Stieglitz

Alfred Stieglitz, por sua vez, traçou a Agenda Moderna da Fotografia, conduziu uma campanha para aceitação da fotografia como arte inserida em um clima de modernismo e traduziu a auto-referência modernista da pintura para a auto-consciência da fotografia. Stieglitz era um galerista ameircano que acabou por trazer a Marcel Duchamp, um dos mais fortes representantes do Modernismo, para os Estados Unidos. Ironicamente, a fotografia mais conhecida de Stieglitz representa uma das obras mais marcantes de Duchamp – “A Fonte” (um urinol invertido assinado por um pseudônimo de Duchamp, R. Mutt).

Duchamp merece um comentário à parte, pois soube muito bem circular no meio artístico e teve enorme influência nos artistas posteriores. Dá para dizer que ele soube jogar uma partida de xadrez com maestria, movimentando as peças (suas obras) no tabuleiro (sistema da arte da época).