Pulse Art Fair 2013 – Parte 1

Estive na Pulse Fair, que aconteceu no Metropolitan Pavillion (125 W 18th St), na semana passada e trago aqui uma seleção de obras que chamaram minha atenção. Algumas pela beleza, outras pelo conteúdo/conceito, outras apenas por serem interessantes.

A Pulse é uma feira, exclusivamente de arte contemporânea, ‘paralela’ à Frieze que toma conta da Randall Island no mesmo período. A Frieze conta também com uma edição em Londres em setembro, enquanto a Pulse tem uma versão em Miami em dezembro.

Neste artigo:

  • Arte em latas amassadas de Kim Alsbrook
  • Maços de cigarro transformados em arte por John Slaby
  • A performance datilografada de Tim Youd
  • Um recado no espelho de Adam Parker Smith

“My White Trash Family”, de Kim Alsbrook, é interessante por colocar em outro contexto um objeto descartado, uma lata amassada de bebida, aplicando um retrato, como que histórico, mas numa textura limpa e lisa, em contraste com o amassado da lata. As três peças expostas estavam colocadas lado a lado em uma moldura tipo caixa, atribuindo novamente o significado de peça de arte. A série completa dele tem 12 diferentes peças.

O trabalho de Alsbrook estava sendo mostrado pela galeria “The West Collection“, da Pensilvânia, juntamente com outros artistas, entre eles John Slaby que traz o artesanato manual e o deslocamento, ao recriar caixas de cigarro em pequenas peças de maneira cuidadosamente pintadas à mão. O meticuloso trabalho de pintura meio que justifica o status de arte do trabalho, que poderia passar como apenas mais um revival da Pop Arte.

Cigarette Packs (John Slaby)

Cigarette Packs (John Slaby)

Um trabalho muito interessante, principalmente pelo processo – aliás, dá pra dizer que o trabalho é o processo – é o Black Spring (Henry Miller) de Tim Youd. Desde que entrei na feira passei a ouvir o ruído de uma máquina de escrever sendo usada… incessantemente. Tim datilografa em uma máquina Underwood Standard, a mesma usada pelos autores de livros famosos, como este do Henry Miller, o livro todo em uma única folha. Na verdade duas delas, uma sobre a outra, uma recebendo a tinta e a de baixo somente o relevo das letras – e aquilo que escapa quando a folha da frente começa a se desintegrar. Na feira ele estava digitando por 45 minutos a cada hora, período durante o qual ele simplesmente ignorava os presentes, parando 15 minutos para falar sobre o trabalho. O resultado é uma folha, ilegível, que de certa maneira “contém o livro”. É uma mistura de performance – quando o processo de datilografia é mostrado – com pintura e literatura. Pura arte conceitual!
Pesquisando para este post descobri que Youd, que é baseado em Los Angeles, tem seu trabalho todo em torno da escrita. Vale a pena dar uma fuçada no site dele, que infelizmente não mostra nada deste trabalho com a máquina de escrever, que achei algo a respeito somente neste outro site.

Black Spring (Henry Miller), Tim Youd

Black Spring (Henry Miller), Tim Youd

O trabalho que achei mais bonitinho foi o recado deixado por Adam Parker Smith no espelho embaçado. Além do fato de ser algo muito íntimo – você só vê o espelho embaçado depois que alguém toma banho, e tem que ser íntimo pra entrar no banheiro logo na sequência, né – é um recado alegre: “It’s a girl” (É uma menina). Fora o fato de ser a recriação artesanal de algo banal – novamente o deslocamento (e viva os Ready mades de Duchamp!).

Untitled (It's a girl), Adam Parker Smith

Untitled (It’s a girl), Adam Parker Smith

É bem interessante ver nos trabalhos, em geral, referências muito clara à obras-primas e mestres da arte recente – moderna, arte pop e pós-moderna. Não vi nada de web-arte (o que considero que seja realmente a mais contemporânea das artes), mas vi algumas peças usando projetores, monitores etc. Bastante pintura, escultura e fotografia, isso sim!

Nos próximos posts vou trazer mais obras belas e interessantes.

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