Notas do Livro: Walker Evans – The Hungry Eye

“Eu vou para a rua para educar meus olhos e também para sustentar o que os olhos precisam – meus olhos famintos, e meus olhos são famintos”

Walker Evans, 1903-1975

Introdução

A primeira coisa que nos interessa sobre fotógrafos são os problemas fotográficos que o trabalho deles nos apresentam, resolvem e reformulam, e também aqueles problemas que acabam por derrotar os fotógrafos.

Durante sua vida Walker Evans rejeitou a etiqueta de “fotógrafo de arte” (fine art photographer) que o colocavam em alguns círculos. Mas, como aconteceu com um de seus mais importantes modelos, o fotógrafo francês Eugene Atget, ele demonstrou habilidades de tão alta qualidade que a pecha de “artista” foi aplicada naturalmente a ambos.

Diversos livros registraram a obra de Evans e, vinte anos após sua morte pode-se dizer que seu trabalho foi muito mais publicado na forma de livros do que exibido em galerias e museus; Evans até considerava que a Fotografia merecia mais ser publicada em trabalhos impressos do que ser pendurada nas paredes das galerias de arte.

O escopo de sua obra foi muito além da tradição documental, nicho no qual ele foi geralmente reconhecido. Entretanto, uma leitura cronológica da obra de Evans mostra como ele era um experimentador incansável. Esta leitura não nega períodos “canônicos” de sua obra – como os anos 30 – mas dá grande proeminência a outros projetos e distingue outros campos de interesse que agora parecem ser essenciais, na linha de pesquisa que Evans parecia estar seguindo:

  • A desconstrução do retrato fotográfico;
  • O uso da aleatoriedade como um princípio criativo
  • Serialidade e arquivismo no processo fotográfico
  • O papel do objeto vernacular, seu uso fotográfico e seu colecionismo
  • A ambiguidade na fotografia de arte e documental e o seu papel na mídia

Walker Evans é daqueles que modifica a Arte através de sua própria linguagem.

“As fotografias de Evans são sobre o que é fotografado, como aquilo que é fotografado é alterado ao ser fotografado e como as coisas existem em fotografias”

Garry Winogrand, 1974

“Não me interesso pelas coisas que vem da Natureza. Elas me entediam. Aqueles que as usam, como E. Porter e Ansel Adams me entediam. Não estou interessado na arte deles. Nem chamo isso de Arte.

Estou interessado na mão do homem e na Civilização”

Walker Evans, 1973

Texto extraído do livro “Walker Evans: The Hungry Eye”, G. Mora & J. Hill, 1993  © Editions du Seuil

Para saber mais sobre Walker Evans e sua obra, acesse os links abaixo:

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